Resenha: Boa Noite – Pam Gonçalves

janeiro 28 2017

Vamos começar 2017 com um livro incrível lido em 2016? Sabe aquele livro que você olha e pensa: “deve ser bom”, mas que na hora que inicia a leitura ele vai além das expectativas? Pois é. Tenho certeza que muitos quando viram que a Booktuber Pam Gonçalves ia lançar um livro pela Galera Record pensaram que isso se devia apenas a fama que ela tem na internet. No entanto, eu preciso dizer que eles estão COMPLETAMENTE errados! Com uma narrativa envolvente, um livro com a dose certa de tudo que esperamos encontrar em um bom livro e ainda com uma mensagem mega importante, Boa Noite é a obra que todas as mulheres irão se apaixonar e se identificar; e que todos os homens deveriam ler para entender que a culpa jamais é da vítima! Vem conferir todos os detalhes:

Alina quer deixar seu passado para trás. Boa aluna, boa filha, boa menina. Não que tudo isso seja ruim, mas também não faz dela a mais popular da escola. Agora, na universidade, ela quer finalmente ser legal, pertencer, começar de novo. O curso de Engenharia da Computação – em uma turma repleta de garotos que não acreditam que mulheres podem entender de números -, a vida em uma república e novos amigos parecem oferecer tudo que Alina quer. Ela só não contava que os desafios estariam muito além da sua vida social. Quando Alina decide deixar de vez o rótulo de nerd esquisitona para trás, tudo se complica. Além de festas, bebida e azaração, uma página de fofocas é criada na internet, e mensagens sobre abusos e drogas começam a pipocar. Alina não tinha como prever que seria tragada para o meio de tudo aquilo nem que teria a chance de fazer alguma diferença. De uma hora para outra, parece que o que ela mais quer é voltar para casa.

Avaliação: 5/5 – Favorito

                Alina é a típica moça certinha;  excelente aluna, possuidora de boas notas e uma família incrível e unida. No entanto, agora com 18 anos e prestes a entrar na universidade de Pedra Azul, uma cidade universitária próxima de Florianopolis, tudo que ela deseja é deixar de lado o estereotipo de “nerd” e certinha que sempre a acompanhou no colégio e começar a viver uma nova vida, sendo até uma nova Alina.


Acho que a maioria das pessoas que chega na universidade espera que a vida tome um rumo completamente diferente… Obviamente eu também. Tudo o que eu quero é começar de novo. É nisso que eu penso enquanto encaro a parede de tijolinhos à frente. Só quero deixar tudo pra trás e enfim ser alguém legal.

Logo no inicio de sua nova jornada ela já se depara com seu primeiro problema, a questão da moradia. Mas para sua sorte, ao ir entregar seus documentos na universidade ela se encontra de frente a um anuncio que possuí uma vaga em uma república; mas não em qualquer república, e sim, a República dos Loucos. Intrigada e realmente necessitando de um local com boa localização e dentro de seus orçamentos, ela decide ligar e depois de uma entrevista mais do que estranha ela acaba sendo aceita como a mais nova membro do lugar.

Ela só não esperava que logo de cara fosse fazer amizade com seus companheiros de república e principalmente que fosse haver alguém tão lindo morando no mesmo teto que ela – preciso dizer que se eu tivesse entrado na República e o visto de cueca eu não viraria de costas. Aos poucos ela vai sendo enturmada e colocada nas festas mais badaladas de todo o campus, sendo apresentada a todo um mundo novo que ainda desconhecia.

Nem sempre o que parece divertido é o mais inteligente.

Mas, como na vida nada é perfeito e problemas estão sempre surgindo, Alina terá que lidar com o preconceito por ser uma mulher cursando Engenharia da Computação, com as tentações que a afastam dos estudos, e ainda com os perigos que se escondem atrás de caras amigáveis e bondosas a uma primeira vista. Ela irá descobrir o quão difícil é ser uma mulher em um ambiente machista e que por mais legal e divertido que pareça, as festas escondem coisas horríveis que muitos fingem não ver ou colocam como culpa da vítima.

É o que a cultura do estupro faz com a nossa sociedade, nos cala e nos tolhe os direitos.

Boa Noite possuí um enredo complexo e profundo; ele trata sobre e mostrar na pele as dificuldades que ainda existem para as mulheres quando se encontram em um ambiente machista. De uma maneira natural ele demonstra as complexidades existentes quando uma mulher quer apenas se divertir, mas tem que ficar atenta a tudo que faz ou ingere. É um retrato de uma sociedade preconceituosa onde se tem a estranha – e errada – mania de colocar a vítima como culpada e absolver o culpado independente de sua responsabilidade.

Com personagens fortes e determinados a autora nos conquista aos poucos e nos envolve na trama de uma maneira que faz com que nós – leitores – nos sintamos como se fizemos parte daquele grupo, como se fossemos  um dos amigos. Alina é a típica protagonista feminina forte que mostra que mulheres não são frágeis e que se pode ajudar muito tendo pequenas atitudes, basta querer.

Encantador, diferente, tocante, profundo, inspirador e com uma temática tão importante e polêmica; essa obra tem tudo para ser aquela história que você lê e jamais esquece e que tem vontade de recomendar a todos. Pam Gonçalves não quis escrever apenas mais uma história, ela quis nos ensinar com suas palavras e abrir os olhos de quem não quer ou finge não ver o que realmente acontece, e foi brilhante em sua construção para atingir esse objetivo.  

Este livro é para todas as meninas, garotas e mulheres. Não deixem que digam que não são capazes, vocês podem ser o que e quem quiserem. Pam Gonçalves.

Leiam, aprendam com o livro, reflitam, repassem o ensinamento e mudem suas posturas… Tenho certeza que depois de ler você verá muitas coisas que já via antes de uma forma completamente diferente!

Um beijo


Ps.: apesar de não conter cenas fortes de sexo, não recomendaria essa leitura para menores de dezesseis anos pela temática e por alguns acontecimentos na estória.