A Lagosta trata-se de uma distopia, mas não como as comumente vistas representadas por sagas como Jogos Vorazes Divergente, entre outros. Se passando em um futuro não muito distante o filme se passa em uma sociedade em que pessoas solteiras são enviadas para um hotel onde devem ficar por 45 dias para encontrarem o amor de suas vidas, se não conseguirem serão transformados em um animal e jogados na natureza. O enredo para lá de interessante torna o filme um dos mais curiosos dos últimos anos.
O título do filme refere-se ao animal que o personagem principal, David (interpretado por Colin Farrell), escolhe para ser transformado caso não alcance o objetivo. A distopia critica os relacionamentos amorosos e como muitos soam artificiais, critica sobre o comportamento humano acerca de relacionamentos e isso torna o filme bastante ácido. O roteiro de Yorgos Lanthimos, que também dirigiu o longa, e Efthymis Filippou é coeso e muito original, levando o espectador para um mundo bizarro e ao mesmo tempo critico, com diálogos ora absurdos ora reflexivos, no entanto, tudo encontra-se no contexto proposto pelo longa.
A parte técnica é de extrema importância, com uma bela fotografia com uma palheta de cores minunciosamente escolhida. A direção de Lanthimos é impecável com uma câmera que uma foca no rosto dos personagens e em suas ações e em outras cenas dá uma visão geral para quem está assistindo. Uma das partes mais importantes é a trilha sonora que acompanha os picos do filme indo da bizarrice a seriedade, passando pela música clássica, até a eletrônica atual.
Um elenco de peso fortalece o longa, Collin Farrell entrega um excelente David e ele está muito bem acompanhado, nomes como Rachel Weisz, Léa Seydoux, John C. Reilly, entre outros, completam o time. Todos o elenco estava presente quando o filme estreou no Festival de Cannes na edição de 2015, onde conseguiu o Prêmio do Júri e aclamação por parte da crítica especializada.
The Lobster (título original) critica inúmeros aspectos da nossa sociedade atual, mesmo se passando no futuro, mostrando que não é interessante o ser humano viver em um mundo dicotômico. O filme ultrapassa as críticas à sociedade e ao ser humano ao desconstruir a visão de que existe um amor puro e inocente. Quando o longa termina perguntamos a nós mesmo: o amor incondicional realmente existe? Isso, o próprio filme responde, basta ao espectador concordar ou discordar.
Até a próxima,
Mateus