A resenha de hoje é uma das mais complicadas que eu já tive que fazer, mas antes que pensem que isso se trata do tema da obra, devo avisá-los que isso é um completo equivoco. Em Três Vezes Nós, da autora Laura Barnett e publicado pela Editora Novo Conceito, nos somos apresentados a dois personagens e suas diferentes versões de historias de vida. Todo mundo já pensou, em algum momento, o que teria acontecido se tivesse tomado uma escolha diferente, não é mesmo? Esse livro é exatamente isso, três versões com diferentes resultados de um mesmo casal: Eva Edelstein e Jim Taylor. Se prepare para descobrir o que realmente acontece ao fazer pequenas mudanças que a principio não teria tanta importância!
Uma jovem mulher com uma bicicleta quebrada após desviar de um cão. Um homem que ela poderia facilmente ter deixado passar, sem parar, levando consigo uma vida inteira, uma vida que poderia nunca ter sido dela.
Eva Edelstein está no segundo ano do curso de Inglês na Universidade de Cambridge. Ela namora David Katz, estudante e aspirante a ator. A vida de Eva parece bem encaminhada, quando, no campus da universidade, ela conhece acidentalmente Jim Taylor, estudante frustrado de direito.
Há três versões, três realidades diferentes para o futuro de Eva e Jim, dos anos 1950 até os dias atuais.
Se o nosso futuro é uma encruzilhada, gostaríamos de saber qual caminho seguir? E depois, ficaríamos felizes com a nossa escolha?
Três vidas. Três histórias. Três destinos… permeados com traições e ambições, mas também com amor e arte.
Três vezes nós explora a ideia de que há momentos em nossas vidas que poderiam ter sido diferentes e como pequenos fatos ou decisões que tomamos podem determinar o rumo da nossa vida para sempre.
Avaliação: 4/5 estrelas
Versão 1 – Cambridge, outubro de 1958 – Eva é uma jovem estudante de Inglês com o sonho de se tornar uma grande escritora; ela esta a caminho de sua aula na universidade – para o qual ela já estava atrasada – quando ela sofre um acidente de bicicleta. Jim é um estudante de Direito, mas tem como aspiração ser um grande artista plástico; ele está a caminho de sua universidade quando se depara com o acidente e vai ajudar a jovem moça, que nós sabemos ser Eva. Depois de uma breve conversa entre os dois, onde ela assegura que está bem, ele a chama para dar uma volta. A princípio ela fica hesitante, pois é comprometida com um jovem ator com um futuro brilhante pela frente – David Katz, mas acaba aceitando. O resultado é que alguns dias depois ela está terminando seu relacionamento com ele para ficar com Jim, e em 1960, eles se casam. Anos mais tarde nasce sua primogênita Jennifer – em maio de 1968, e alguns anos depois seu caçula, Daniel – em 1975.
No entanto, será que é apenas isso que acontece?
“No futuro, Eva pensará: Se não fosse por aquele prego enferrujado, Jim e eu nunca teríamos nos conhecido.”
Versão 2 – Cambridge, outubro de 1958 – Eva sofre o acidente de bicicleta e Jim vai ajuda-la. No entanto, ela continua seu caminho para a universidade porque já está atrasada e é comprometida com David. Mesmo que ele pareça se importar apenas com ele mesmo. A carreira de David começa a ascender em 1960, mesmo ano em que os dois se casam. Alguns anos mais tarde, em janeiro de 1963, nasce Sarah – única filha do casal; ao mesmo tempo que seu marido vai ficando cada vez mais distante dela. Paralelamente, Jim conhece Helena, uma excêntrica artista plástica que o incentiva a ir atrás de sua aspiração e abandonar sua carreira e seguir com ela para a Cornualha para morar em uma comunidade de artistas. Algum tempo depois vem a nascer Dylan, o primogênito do casal.
No entanto, será que é apenas isso que acontece?
“Ela está sempre presente em sua mente, mas isso é uma busca por um foco, um pequeno puxão no cordão invisível que os une – e que sempre os uniu, desde o primeiro momento em que ele a viu em Cambridge.”
Versão 3 – Cambridge, outubro de 1958 – Eva sofre o acidente de bicicleta e Jim vai ajuda-la. Ele a convida para ir beber alguma coisa em um pub com ele e ela aceita pois algo nele a atrai. Algum tempo depois ela termina seu relacionamento com David para poder viver sua paixão com Jim. No entanto, em dezembro de 1958, um acontecimento faz com que Eva volte a ficar com David. Os dois se casam e têm dois filhos, Rebeca e Sam. Com o tempo a carreira dele vai alavancando o fazendo deixar a família de lado e ter cada vez menos tempo com eles. Paralelamente, Jim conhece Helena e junto com ela tem uma filha chamada Sophie.
No entanto, será que é apenas isso que acontece?
“Eva havia feito sua escolha. O maior ato de amor, certamente, seria deixá-lo ir, não é?”
Como eu disse no inicio essa não é uma obra fácil de falar justamente por todas as mudanças e reviravoltas onde cada escolha faz um caminho diferente acontecer. No entanto, independente do que ocorre no primeiro dia em que eles se encontram, o caminho dos dois sempre acabam se cruzando e a atração entre eles está lá sempre presente e forte. Eu achei Eva uma personagem bem forte e carismática; realmente fiquei contente com as versões apresentadas dela durante todas as versões. Já Jim foi um personagem que eu gostei em algumas versões enquanto em outras eu já não achei correta a atitude dele e o jeito de lidar com determinados acontecimentos.
“A pintura retrata as muitas escolhas que não foram feitas, as muitas vidas que não foram vividas. Ele a chamou de Três Vezes Nós.”
Para aqueles que assim como eu tem uma memória bastante falha e com o costume de esquecer detalhes, ou é do tipo que mistura histórias mesmo quando não se trata dos mesmos personagens – imagina quando são os mesmo então –; meu conselho é que se dedique a uma versão por vez para que possa acompanhar de forma completa o que está destinado a esse casal em cada momento.
Eu gostei bastante da leitura, apesar de em muitos momentos eu ter me confundido e me perdido ao tentar ler as três versões ao mesmo tempo – ainda estou tentando entender o porquê de eu ter feito isso -, mas é uma história bem interessante e que funcionou bem melhor quando eu, depois de mais de 1/3 do livro lido, parei e fui ler por cada versão. A história trata do que acontece com os dois, mas que tem o foco maior na Eva e em suas diversas versões ideias dela…. Mas independente de tudo isso, ela sempre se mostrou forte e determinada e é por isso que eu gostei mais dela do que de qualquer outra pessoa!
Três Vezes Nós é um livro de encontros e reencontros, de 60 anos de vidas e de como suas escolhas afetam o futuro e como ele será conduzido. Minha única ressalva é que o livro é em terceira pessoa, e esse definitivamente é o meu estilo menos favorito de leitura. Mas a edição está belíssima, a história é bem produzida e organizada, com uma narrativa gostosa e envolvente. Sem falar que em apenas um livro você tem três versões de vida, o que permite a você escolher a versão que mais lhe agrada e que conseguiu te cativar!
Recomendo sim a todos, mas sugiro a leitura com a dica dada lá em cima. Leia uma versão por vez, aproveite cada momento, se envolva, se permita e se depare com uma história de amor e erros, com uma história de sonhos e desencontros, de perda e ao mesmo tempo de um encontro com você! Espero que gostem da leitura e que possam se apaixonar e gostar tanto quanto eu 😉
Um beijo