Resenha: Angus O Primeiro Guerreiro – Orlando Paes Filho

maio 09 2017

Sabe aquele livro que ao chegar é o primeiro que você pega para ler, mas por se tratar de uma história tão complexa e bem construída você acaba travando para falar sobre? Pois bem, essa é minha história com Angus – O Primeiro Guerreiro; uma obra que irá trazer o bem e o mal em sua forma mais pura e simples, mostrando ao leitor a luta diária entre ambos e cujo resultado pode ser caótico! Escrito por Orlando Paes Filho, confiram mais sobre esse lançamento da Editora Novo Conceito, uma obra onde religião se mistura com fantasia em uma batalha épica!


Bretanha, ano de Nosso Senhor de 863. Uma invasão dos homens do norte arrasa a Ilha da Bretanha.

Cidades e monastérios são deitados ao chão. Os invasores fazem frente aos maiores reis da Bretanha, tudo se torna árido pela devastação. A morte se espalha por toda parte.
Mas há um guerreiro de nome Angus MacLachlan que não parece tombar diante dos ataques daneses. Ele não se curva aos dominadores nórdicos. Parece abençoado, luminoso, assim como luminosa é sua espada a espalhar cadáveres dos invasores.
Ele liberta os cativos e propõe uma nova resistência. Unifica reis. Um oponente terrível contra a invasão, que tenta destruir a Bretanha e seus reinos para sempre.


Avaliação: 4/5 estrelas

Na Bretanha, no Ano de Nosso Senhor de 545, o monge Columbus  tem uma visão terrível do futuro. Em aproximadamente 200 anos, uma nova seita irá surgir tendo Lúcifer como seu ser supremo; cenas de terror, escravidão e dor acompanharão o seu surgimento, transformando em trevas e afastando a luz daquele povo. Determinado a impedir que isso ocorra, os Druidas são convocados, cada um com sua missão e importância para forjar a arma sagrada que virá a impedir tão terrível mal. Juntos, eles forjam uma arma banhada na mais pura luz, cujo um único dono poderá usar e cuja a própria espada escolhe desde sua criação. Ainda dentro das brasas que ardiam no centro do círculo de pedra seu nome é revelado, Angus; com o trabalho feito, só restavam a eles ter esperança que esse que ainda viria a nascer, fosse realmente capaz de impedir tão cruel destino do povo.

As brasas que ardiam no centro do círculo de pedra iluminaram a palavra em gaélico, escrita com gotículas do orvalho na espada.
“Do Amor a Deus.”Angus.

Bretanha, Ano de nosso Senhor de 965. Filho de Seawulf Yarlansson (jarl nórdico, adorador de Odin e líder honrado) e Birgid MacLachlan (cristã de origem da Terra dos Escotos), Angus, de dezesseis anos está prestes a se tornar um guerreiro de verdade. Tendo pais de culturas religiosas diferentes, desde sempre foi ensinado sobre ambas e criado para o momento em que poderia ir a sua primeira expedição. Rumo à Terra dos Anglos do Leste na companhia de seu pai, Seawulf Sangue de Gelo, eles se preparam para uma batalha junto ao exército viking de Ivar Sem-Ossos que busca vingança pela morte de seu pai, Ragnar. Ao chegarem ao local, Ivar ainda não se encontra por lá. Mas decididos a não perder tempo e principalmente a aventura, eles iniciam a invasão tomando rapidamente a aldeia mais próxima; lá Angus acaba por matar seu primeiro homem, mas acaba perdendo seu melhor amigo durante a batalha. 

Eu me senti tratado como um verdadeiro soldado, como um dos seus, de seu grupo, e aquele foi um dos momentos mais preciosos da minha vida.

Ivar, acompanhado por seu irmão Halfdan, ao chegar encontram a aldeia já tomada, mas não ficam satisfeitos. Querendo o sangue de todos cristões ele segue caminho matando com sua espada, de forma cruel e violenta, todos os anglos e saxões que tem a infelicidade de cruzar seu caminho. Incomodado com a forma que ele lida com a situação de matar até mesmo os homens que já se encontram desarmados e rendidos, Seawulf começa a ter problema com aqueles que se encontram ali e passam a dizer que ele se encontra mudado e piedoso devido à sua esposa ser cristã. Com a discórdia formada e quando um dos Vikings protegidos de Ivar, mata sem motivo e de forma covarde seu amigo, Seawulf jura vingar seu amigo. Mas ao realizar tal feito, ele se vê sendo traído por Ivar, e ordena a Angus – que sempre admirou o guerreiro que o pai é – a fugir para sobreviver.

Mesmo ferido, ele consegue fugir indo parar sozinho no meio da grande e desconhecida floresta. Com fome e machucado para seguir adiante por muito tempo, ele passa a achar que não conseguirá escapar do destino cruel da morte… É então que encontrado por Nennius, um monge muito sábio e misericordioso que o ampara e o ajuda a cuidar de seus ferimentos e lhe dá alimento, ele consegue se recuperar. No entanto, ele não se sente digno de estar ali, ainda mais ao receber o valioso ensinamento acerca das virtudes e descobrir que o que fazia até então não carregava nenhuma honra para si. 

“[…] seus olhos se arregalaram de medo, depois refletiram a dor do golpe que lhe dei, onde o ombro se junta ao pescoço, e quando as valquírias finalmente levaram sua alma, aqueles olhos agonizantes ficaram baços, sem enxergar mais nada nessa terra.”

Quanto mais ele aprende com Nennius, mais ele passa a enxergar a vida de outra forma. Grato por ter a chance de viver novamente, dessa vez guiado pelos ensinamentos do Monge, Angus decide abandonar sua religião nórdica e seguir os caminhos do Cristianismo que sua mãe havia começado a ensiná-lo e que agora haviam sido concluídos no monastério. Não mais sendo um guerreiro bárbaro e pagão, mas sim um guerreiro cristão segundo a vontade de Deus, ele parte com o objetivo de obter justiça e impedir que os ataques nórdicos continuem; se afastando de vez daqueles de conquistar, tomar escravos e obter glória. 

“Depois de dizer essas palavras, que, mais do que um ensinamento, pareciam uma ordem ou uma sentença, Nennius retirou-se calmamente. Era como se tudo ao redor, a pacífica capela, os monges com seu andar simples, os pássaros, o vento que soprava assobiando e acariciando os galhos das árvores, as montanhas firmes e longínquas, como se tudo tivesse ficado envolvido por suas palavras. E não só a natureza ficou. Eu também me vi tomado por toda aquela sabedoria.”

Em sua busca por vingança pela morte de seu pai e para salvar a Bretanha das mãos cruéis de Ivar e Halfdan, Angus irá encontrar Owain que irá ensiná-lo tudo que ele não teve a chance de aprender sobre a arte da guerra, fazendo com que ele finalmente saiba além de manejar um machado como manejar uma espada. Em um caminho árduo pela frente, o destino se torna cada vez mais próximo a ele. Um grande guerreiro começa a nascer e em seu futuro grandes feitos estão destinado a ele; Angus O Primeiro Guerreiro começa sua jornada seguindo o caminho que há 200 anos foi destinado a ele. A pergunta que fica é: será que ele está pronto? 

Composto por três volumes, a Trilogia MacLaclan, é um tremendo sucesso tanto no Brasil quando em outros países; atraindo um público tão grande que sua republicação veio a ser garantido pela Editora Novo Conceito. Trazendo em seu enredo um romance épico juntamente a pitadas de aventura, drama e mistério, essa é a típica obra feita para conquistar até mesmo aqueles que não curtem o gênero. Prepare-se para se sentir no meio de uma batalha RPG, onde um guerreiro terá que fazer frente a um futuro de destruição. 

Angus O Primeiro Guerreiro é uma história extremamente complexa e envolvente; onde nem mesmo a constante inserção de informações e nomes de personagens é capaz de dificultar seu entendimento. Muito bem escrito, o autor Orlando, soube agregar em sua história os melhores fatores da literatura, fazendo com que nem suas palavras difíceis sejam capazes de levar o leitor a largar sua leitura!

Outro ponto positivo é a forma como a Editora soube trabalhar com a diagramação do livro. Trazendo elementos medievais para que o leitor entenda acerca da época em que se passa, juntamente a ilustrações muito bem produzidas pelo próprio autor, só torna a experiência da leitura ainda mais prazerosa, inserindo – ainda mais aquele que está a realizar a leitura – dentro do enredo e das aventuras presentes em cada página. 

Com uma dose de cultura, ensinamentos acerca da mitologia, aventuras épicas e guerreiros medievais… essa é uma obra que veio satisfazer aqueles que vivem em busca de histórias que fogem do lado fofo e romântico existentes em grande número por aí. Mas fiquem atentos, porque essa trilogia irá focar bastante no aspecto religioso, falando sobre o Cristianismo desde os primórdios até sua propagação; podendo o enredo não ter tanto apelo para aqueles que não curtem literatura e religião juntas. Mas já adianto que isso só serviu, em minha opinião, para agregar e trazer realidade ao leitor acerca da época em que está acontecendo. 

Recomendado para todos aqueles que têm alma de guerreiro(a) e não tem medo de se aventurar com Angus, o guerreiro que foi capaz de mudar toda uma história!

Um beijo