Crítica – Bingo: O Rei das Manhãs

setembro 12 2017

A década de 80 – do ponto de vista cultural – foi marcante para uma geração. A televisão era um meio de comunicação bastante presente nos lares brasileiros. Cada emissora, tinha o objetivo de ser líder em audiência e para isso oferecia uma programação de acordo com a faixa etária de cada membro da família. Mas há um certo programa infantil que passava nas manhãs que acabou por se tornar uma febre nacional. Então é hora de ver como Bingo se tornou O Rei das Manhãs – a partir de 24 de Agosto nos Cinemas. Classificação indicativa: 16 anos.

Bingo – O Rei das Manhãs do estreante diretor Daniel Rezende traz uma excelente experiência cinematográfica ao apresentar a dicotomia entre a figura pública do Bingo – amado pelas crianças – e a figura oculta do ator Augusto Mendes – que sempre buscou os holofotes – durante uma década conturbada que foi regada a álcool, drogas e sexo.

O longa tem como base o período em que Arlindo Barreto foi o interprete deste icônico palhaço no programa homônimo, além de apresentar os bastidores/vida pessoal dele. O espectador irá revisitar a década de 80 – uma reconstrução fidedigna – através da ótica do ator Augusto Mendes, um ex-ator de pornochanchada que tem a chance da sua vida ao conseguir ser o interprete do Bingo – escolhido pessoalmente pelo responsável (americano) pela marca.

Há pontos que merecem destaque, como a interpretação do Vladimir Brichta – arrisco dizer que foi o melhor trabalho da carreira dele – pois conseguiu apresentar duas versões, completamente opostas, de uma única pessoa e seus conflitos internos/pessoais. Além disso, a participação do ator (já falecido) Domingos Montagner que faz o palhaço Aparício que ajuda Augusto a se tornar realmente o Bingo ao apresentar a essência da arte; uma excelente homenagem ao ator além de mostrar um lado que pode ser até desconhecido do grande público: palhaço de circo.

Os momentos mais marcantes deste filme são feitos sem uma única fala sequer; há dois níveis de envolvimento: se você vivenciou os anos 80, sentirá a nostalgia; caso não, é uma excelente forma de conhecer como era o Brasil neste tempo.

Avaliação: 4,5/5,0

Dá uma Bitoca no meu nariz!