Resenha: Nunca Olhe Para Dentro – Amanda Ághata Costa

outubro 31 2017

             NOPD ou Nunca Olhe para Dentro é aquela típica obra que nos atrai desde o primeiro olhar com sua capa de tirar o folego, sua diagramação impecável e seu enredo que acaba por cativar através de uma história regada de profundidade que surpreende e arranca suspiros e lagrimas na mesma intensidade.  Agregando os melhores elementos da literatura, nos deparamos com um livro completo e intenso que vêm abrir os olhos daqueles que insistem em olhar apenas para dentro de si mesmos sem prestar atenção ao outro. Real e intenso, essa é uma história que vem para atribuir cor à vida daqueles que a leem e mudar todos os paradigmas de uma vida. Conheçam mais sobre essa nova obra da autora Amanda Ághata Costa a seguir:

Nem sempre a vida é colorida como um quadro ou suave como uma pincelada, às vezes é o contrário de tudo isso. Depois de perder os pais em um acidente de carro aos oito anos, a única coisa que Betina precisa fazer é encontrar o responsável por ter destruído sua família na noite que daria início à sua próspera carreira como pintora. Agora, longe dos pincéis e das paletas, ela está focada em terminar a primeira graduação e procurar na justiça um pouco de consolo para o caos que o seu passado ainda traz. Ao lado de seus amigos e sob o teto de uma tia que a detesta, ela perceberá de que cores as pessoas são feitas, e do quanto é realmente necessário olhar para dentro de tudo aquilo que a assombra, mesmo que para isso precise passar por uma inesperada decepção.

Informações técnicas:

Obra:  Nunca Olhe Para Dentro Autor(a): Amanda Ághata Costa  Páginas: 482 Ano de Lançamento: 2017 Editora: Independente Avaliação: 5 /5 estrelas – Favorito Onde comprar: Amazon

Para uma criança o pouco é muito, enquanto para os adultos tudo às vezes é nada.

Betina aos oito anos de idade é um prodígio. Apresentando grande habilidade na arte de pintar, seu talento se torna nítido para aqueles que têm contato com suas telas; motivo pelo qual mesmo tão jovem ela já possuía dois de seus melhores quadros em destaque em sua primeira exposição na cidade de Ostala. Embalada em um clima de alegria juntamente aos seus dois maiores apoiadores – seus pais – ela jamais esperaria ver seu mundo repleto de cor se transformar no mais completo preto no caminho para casa. Contudo, ao ter seu carro arremessado diretamente em direção a um dos lagos mais escuro e gelados, Betina vê tudo mudar enquanto seu mundo afundava cada vez mais…

Um ser humano normal pode suportar até mesmo dez minutos embaixo da água. Dependendo das condições e da temperatura, esse número cai para três, mas por alguma razão inexplicável, eu pude aguentar vinte longos minutos dentro de um inferno sem escapatória.

Mesmo tendo sobrevivido, Betina ainda não consegue superar aquela noite a doze anos atrás. Tentando entender o que ocorreu verdadeiramente naquele dia, ela mantém sua investigação em busca do culpado mesmo que mais ninguém o faça. Vivendo sua vida da melhor maneira que pode, ela intercala seu tempo entre suas pesquisas, sua faculdade de psicologia e suas visitas ao lago toda sexta-feira acompanhada de seus três narcisos – um para cada pessoa que se perdeu naquele lago. 

Uma simples palavra pode mudar todo um contexto, assim como uma noite pode destruir todos os planos de uma vida.

Como se apenas isso já não fosse demais para alguém tão jovem enfrentar, sua casa se mostra um lugar de puro terror… Convivendo com uma tia que faz questão de demonstrar todo seu desgosto, Betina se vê sem compreender a razão pra que Cecília a odeie tanto. Mas se por um lado suas razões se mostram confusas, as constantes violências físicas e verbais juntamente a ameaças sem fim confirmam o quão pouco querida ela é ali naquele local. Tendo sempre as pessoas afastadas de si por palavras falsas ditas de propósito pela sua tia, Betina já se acostumou ao silêncio e solidão e a presença de seus poucos, mas verdadeiros amigos, que a conhecem há uma vida toda… 

A vida é que ensina da pior maneira que as teorias nem sempre funcionam na prática.

No entanto, quando em seu caminho surge um médico pra abalar suas estruturas e atiçar sua língua afiada, Betina vê mais uma vez sua vida dar uma mudada por completo. O que era para ser apenas um final de semana perdido em um estágio obrigatório da faculdade acaba por se tornar o começo de algo desconhecido. Com uma atração nítida entre ela e o Dr.Nicolas, nos vemos acompanhando o surgimento de algo forte e intenso. Mas temendo sempre se aproximar de pessoas e com sua política de não olhar para dentro de suas memórias, se deixar envolver por alguém não será fácil… Seria Nicolas insistente o suficiente para mudar isso? Poderia ela recuperar suas cores e voltar a ser amarelo? 

—Se eu puder, vou te dar todas as cores que escolher, não importa quais sejam. Todas elas serão suas. Porque você merece, Betina. Você merece um arco-íris inteiro.

Amanda Ágatha Costa iniciou sua carreira no gênero fantasia, mas ao escrever seu primeiro romance já mostra todo o talento que possui para essa narrativa. Com uma história emocionante, bem construída e repleta de personagens reais e profundos, Nunca Olhe Para Dentro veio para transformar a visão dos leitores com uma obra que mostra um drama que não é exagerado, nem se perde em meio à ficção, e que é capaz de transformar vidas com o brilho que possui. Repleto de cor, amor e sentimento, quem se envolve em sua trama irá se deparar com páginas que cativam através de uma escrita que é completamente apaixonante e que vale a pena cada minuto!

Betina é uma protagonista que foge aos padrões; tímida, reclusa e um prodígio desde quando era criança, ela é alguém cuja vida desde cedo foi repleta de emoções. Com seu jeito único de ver o mundo pelas cores, ela sempre encantou a muitos com sua doçura e seus quadros repletos de emoção e intensidade que a levou a grandes feitos. Extremamente próxima de sua família, ainda jovem ela acaba por ver seu mundo ser destruído, ao perder os pais em um fatídico acidente, e mudar por completo a se ver obrigada a passar de um ambiente familiar amoroso repleto das mais diversas tonalidades para uma vida de medos e inseguranças ao lado de alguém que nitidamente a odeia.

No entanto, mesmo tendo todos os motivos para se tornar alguém amargurada, Betina acaba por se mostrar alguém extremamente sensível, companheira, que não se acanha diante das dificuldades e ama com intensidade ao mesmo tempo em que teme fazê-lo. Sarcástica ao mesmo tempo em que se mostra alguém divertida e engraçada, ela é alguém real cujas inseguranças se mostram tão nítidas quanto sua força que ultrapassa barreiras e a fazem suportar situações insuportáveis. Com uma construção pensada nos mínimos detalhes, essa é uma protagonista que cativa o leitor logo nas primeiras páginas com sua perspicácia e seu senso de amizade, levando a todos a torcerem por seu final colorido – mesmo que a um primeiro momento isso se mostre algo distante e inexistente.

                E o que falar do protagonista, o dono do super olhar, Dr. Nicolas? Sensível, lindo de morrer, um medico de tirar o folego e um romântico nato, ele é a combinação feita para acabar com os corações das leitoras que se vem babando por ele (entendemos vocês Paola e Caio) desde sua primeira aparição. No entanto, ao contrario do que geralmente ocorre nas histórias, ele não se mostra alguém fútil ou que se apoia em sua beleza para garantir tudo; modesto, vamos acompanhando suas cenas com atenção ao nos depararmos com um mocinho longe de ser perfeito, mas mais apaixonante do que fosse. Real, intenso, sarcástico e com muito humor, aos poucos Nicolas vai ultrapassando as barreiras criadas pela Betina se mostrando alguém determinado e um homem de verdade. Com pequenos gestos ele acaba por nos cativar de forma natural e rápida nos fazendo ansiar pela sua presença e torcer por sua felicidade tão poucas vezes sentida.

                E, obviamente, eu não poderia deixar de falar sobre os personagens secundários mais incríveis já vistos. Paola e Caio tem o dom de roubar a cena a cada aparição e trazer o toque de equilíbrio que a história pede nos momentos em que se torna muito intensa. Muito bem construídos eles chegam a se assemelhar aos protagonistas pela sua contribuição a história principalmente no quesito amizade, algo que eles são o exemplo perfeito. Já Cecília ganha destaque não pelos motivos positivos, se mostrando uma mulher amargurada e cruel, ela poderia muito bem ser comparada as típicas vilãs dos contos de fada e ainda sairia perdendo. Essencial na história para alertar sobre um mal tão comum na sociedade, ela é alguém que mesmo odiando faz com que sua presença seja necessária; sem entendermos a razão de tanto ódio por alguém que não lhe fez mal, vamos acompanhando sua maldade ganhar força até o ponto em que tudo que queremos é que ela sofra as consequências de seus atos, mas será que haverá justiça quando a sociedade insiste em condenar as vitimas? Bem elaborados, inseridos nos momentos certos de forma a não parecerem fora do lugar, esses personagens dão um toque a mais a obra levando-a um patamar superior merecido!

Com um enredo linear que vai evoluindo e se construindo com bases fortes sem deixar pontas soltas ao se dirigir ao clímax da história, NOPD é uma obra que se mostra bem organizada em sua construção que se mantém simples sem se tornar banal e não precisa de rebusques para torná-la atrativa. Lidando com temas complexos e sérios, Amanda soube abordá-los de forma real sem se tornar extremamente pesado e  nem tirar a seriedade do tema. Com partes intensas regadas a sensações de agonia e tristeza essa é uma obra que veio para abrir os olhos de muito sobre realidades cruéis que insistimos em não olhar, mas que se mostram impossíveis de serem ignorados através dessa narrativa em primeira pessoa que envolve a todos de forma natural nos levando para dentro de sua trama.

Possuidora de uma capa que atrai olhares e se encaixa perfeitamente a história juntamente a uma diagramação feita com esmero, essa obra se mostra completa desde sua primeira página. Agregando elementos essenciais da história através de detalhes sutis que remetem a ela, fica nítida a dedicação que a autora teve em transformar meras páginas em branco em uma verdadeira obra de arte. Com uma revisão caprichada para que o produto final chegasse o mais perfeitamente possível nas mãos de seus leitores, Nunca Olhe Para Dentro chega em um nível de qualidade capaz de se equiparar às feitas por grandes editoras surpreendendo graficamente tanto quanto em sua história. 

           Nunca Olhe para Dentro é uma obra que poderia se perder no meio a tantas já existentes, mas que possui um dos melhores diferenciais: sua capacidade de nos inserir em sua trama e transformar vidas. Inovando na forma de usar suas cores, essa é uma história que surpreende e encanta na mesma intensidade cativando rapidamente os corações dos leitores e emocionando os na mesma intensidade. Bem escrito, cercado de valores e ensinamentos esse livro mudará a vida de todos ao ensinar a olhar para as memórias de uma forma nova e amar cada uma delas. Mais do que recomendado essa é uma leitura obrigatória a todos os apaixonados por romance reais e completos. 

Diferente de tudo que você já viu, esse é um livro que irá lidar com situações difíceis e que causam profunda dor, mas que emocionam na mesma medida. Essa história não é apenas um mero romance, é sobre saber enxergar a vida com as cores que ela possui. Meloso sem ser exagerado, essa autora soube desenvolver uma história que poderia beirar a perfeição, mas que não se deixa ir por esses caminhos para se ligar a realidade. Para todos aqueles que buscam um enredo capaz de mudar vidas, que possuem cicatrizes, Betina veio para mostrar que existe sempre a chance de recomeçar… 

A grande questão é: você está pronto para olhar para dentro? 

Um beijo