Resenha: Meus Dias com Você – Clare Swatman

novembro 29 2017

Meus Dias com Você, escrito por Clare Swatman, é uma obra que veio atraindo olhares com sua capa simples, mas de tirar o fôlego e uma premissa instigante e divertida. Prometendo se tratar de um livro sobre segundas chances e volta no tempo, ela tinha tudo para ser aquela história emocionante, intensa e apaixonante, mas acaba por ser menos do que poderia ser. Com uma boa trama e personagens bem construídos, ainda que suas personalidades não agradem a todos, esse é um livro ideal para ler e relaxar acompanhando a trajetória de seus protagonistas e aprendendo com seu erros. Bom, mas longe de ser algo que ganhe destaque, essa é mais uma obra da Editora Arqueiro cuja leitura é agradável e regada a muito amor e revelações. Confiram:

Quando o marido de Zoe morre, o mundo dela desaba. Mas e se fosse possível tê-lo de volta?

Numa fatídica manhã, Ed e Zoe têm uma discussão terrível, algo recorrente no seu casamento em crise, e ela acaba se despedindo de forma brusca quando ele sai para o trabalho.

Pouco tempo depois, um ônibus acerta a bicicleta de Ed, matando-o e deixando Zoe arrasada por não ter lhe dito quanto o amava. Se tivessem ficado mais um pouco juntos aquela manhã, ele ainda estaria vivo? Será que poderiam ter reconstruído o amor que os unira?

Após dois meses, Zoe ainda não conseguiu se conformar. De luto, decide cuidar do jardim do marido, quando acaba caindo e desmaiando. Então, algo estranho acontece: ao acordar, ela está em 1993, no dia em que conheceu Ed na faculdade.

A partir desse instante, Zoe passa a reviver momentos cruciais de sua vida e percebe que talvez tenha conseguido uma segunda chance: uma oportunidade de fazer tudo diferente, de focar naquilo que realmente importa, de mudar os rumos do relacionamento – e, quem sabe, o destino de seu grande amor.

Informações técnicas:

Obra:  Meus Dias Com Você  Autor(a):  Clare Swatman  Páginas: 288 Ano de Lançamento: 2017 Editora: Arqueiro  Avaliação: 3/5 estrelas Onde comprar: Amazon () / Saraiva ()

Desta vez, eu me permito soluçar por tudo o que perdi, tudo aquilo pelo qual não me permiti chorar até agora.

Zoe nunca imaginou que seu marido fosse morrer repentinamente; por isso ela jamais imaginaria que suas palavras carregadas de raiva antes dele sair pela porta seriam as últimas que ele ouviria vindo dela. Com discussões diárias há muitos anos sobre coisas sobre as quais não tinham controle, seu casamento foi pouco a pouco se desgastando a ponto de torná-lo um relacionamento frio juntamente a criação de uma grande distância – física e emocional – entre eles. No entanto, quando em um dia que parecia normal, vem a se tornar o dia da notícia que ele jamais voltaria a estar com ela, sentimentos a muito esquecidos em meio a trocas de insultos e sentimento de culpa voltam à tona relembrando-a do quanto ela o ama.

Há momentos em que eu só queria que o tempo parasse e que nada, nem mesmo o mais íntimo detalhe, mudasse.

Atormentada pela culpa e pela falta que ele apresenta em sua vida, Zoe acaba por passar seus dias se trancando de tudo e todos e afundando-se em seu desespero. Sem conseguir enxergar um dia de sol sem sua presença, sua vida passa a ser uma constante chuva sem fim que deixa seus dias cada vez mais cinzas e repletos de grande tristeza. Dois meses passam com o peso de anos para Zoe,  inconformada e sem vontade de seguir em frente e buscando coisas que a lembrem dele, ela se vê em meio à uma corrida desesperada em busca de memórias que estão a desaparecer com o tempo. Determinada a não perder mais nada dele, ela resolve ir cuidar do jardim que sempre foi um dos projetos do marido; no entanto, um acidente grave a leva a desmaiar sozinha em meio á ele, mudando toda a sua vida e lhe permitindo ter uma segunda chance. 

Parece estranho, depois de todo esse tempo, que os detalhes não tenham se apagado. É engraçado o que a mente escolhe para guardar.

Sem entender nada, Zoe se encontra de volta em 1993, um dia qualquer pra muitos, mas que para ela significa o dia  em que conheceu aquele que viria a ser um dos homens mais importante da sua vida. Pensando em um primeiro momento estar sonhando, ela se permite reviver a lembrança, mas conforme nota que suas atitudes podem ser diferentes das que havia feito pela primeira ela passa a acreditar que talvez esteja recebendo uma chance de recomeçar e mudar sua história. Quanto mais lembranças ela revive, mais surge em si a esperança de conseguir salvar Ed e seu casamento. Mas será que ainda há tempo para isso? Seria possível mudar todo o desfecho de uma vida e evitar a morte? O que Zoe poderia fazer de tão significativo para mudar o rumo de seu futuro? Em meio a lembranças e atitudes, eles irão descobrir que as vezes saber aproveitar o que tem é mais importante do que desejar o que não possui…

…sempre vou desejar a chance de mudar algumas coisas que fiz no dia em que ele morreu e nos meses e anos antes desse dia. Mas não posso, então tentarei carregar comigo os momentos felizes e esquecer os ruins…

Meus Dias Com Você é aquele típico livro que você se encanta de cara com sua edição atrativa, mas que se mostra longe de ser uma obra sobre finais felizes. Repleto de melancolia e tristeza, somos convidados a acompanhar a vida de uma jovem que vê seu mundo ruir ao perder seu marido sem a chance de oferecer seu melhor. Tratando sobre segundas chances, essa é uma trama que segue uma lineraliedade em sua construção ao seguir pelos pontos mais importantes do relacionamento do casal. No entanto, mesmo com esse tema tão comum e que conquista os leitores que se veem ansiosos para saber mais acerca do que iria acontecer, ele deixa a desejar em sua forma de desenvolver sua história. Com personagens que são bem construídos, mas poderiam ser melhores, nós é apresentado uma obra boa, mas que está longe de se encaixar em uma das melhores do gênero. 

Zoe é uma personagem difícil de se comentar diante das diversas mudanças no seu jeito de ser ao longo dos capítulos; se mostrando alguém mesquinha, mimada e infantil  no início, sentimos uma certa antipatia por ela e pela sua forma de pensar em apenas nela. No entanto, conforme ela passa a reviver seus momentos preciosos tendo a chance de mudar alguns detalhes, vemos seu crescimento e seu redescobrimento sobre os seus sentimentos que há muito foram deixados de lado ao mesmo tempo em que a vemos pensar mais sobre o todo e no que suas atitudes podem influenciar algo que anteriormente não ocorria. Por outro lado, sua insegurança e temor a cada noite de que não lhe fosse dado mais um dia ao lado de Ed é algo que deixou cansativo e até chato de se acompanhar; lógico que é compreensível ter esse medo de não poder mais reviver nenhum momento, mas conforme o tempo vai passando e as coisas continuam a se repetir, fica nítido que há um propósito e que não é algo que irá acabar de uma hora para a outra, então o fato dela sempre bater nessa tecla incomoda. Outro ponto é a questão dela com mais de 10 anos de casada, e totalmente íntima de seu marido, se ver envergonhada diante dele enquanto revive seus momentos… Não é algo que seria natural quando depois de tanto tempo, ela já o conhece mais do que a qualquer outro. Apresentando qualidades e defeitos essa é uma personagem que passa por altos e baixos ao longo da construção, mas consegue encantar o leitor ao transmitir sua dor de forma nítida e profunda; bem construída, Clare foi capaz de dar vida e fidelidade à sua protagonista que envolve o leitor a ponto de ser impossível desistir da leitura sem chegar ao fim. 

Já Ed é um protagonista fora do tradicional ao apresentar um dos papéis mais importantes (afinal é com sua morte que tudo tem seu início) ao mesmo tempo em que quase não tem presença ao longo das páginas. Estando presente em mais de 90% da obra, ele é alguém que não nos permite descobrir muito sobre si ou sua personalidade pelo seu papel quase secundários nas cenas. No entanto, nos momentos em que ele ganha a cena, ele se mostra alguém mimado, longe de ser perfeito, mas completamente encantador. Longe de ser o foco da obra, mesmo o sendo de forma indireta, ele é alguém que nos cativa ao pouco e que parte nosso coração com seu destino; aprendendo sobre ele e sua vontade de amar e oferecer seu máximo ao outro, ele nos cativa e nos faz torcer a cada página ao mesmo tempo em que nos faz querer descobrir se é possível que alguém mude o destino de uma vida. Mesmo sem seu papel aparente, ele é alguém muito bem construído pela autora que soube dosar suas aparições na medida certa assim como os personagens secundários que quase não se apresentam na história, mas ajuda-a a se desenvolver. 

Construído com capítulos que intercalam a narrativa em terceira pessoa com os em primeira pessoa – no que se refere aos dias revividos por Zoe, Clare permite que o leitor possa acompanhar de forma intensa e íntima toda a dor, expectativas, sofrimento e duvidas dessa protagonista que está a passar por uma situação que ninguém deseja sentir na pele. Com sua escrita envolvente, o leitor rapidamente se vê inserido na trama através de uma leitura fluida e leve que não retira a seriedade e nem o quão dolorosa sua temática é; utilizando-se de técnicas para encontrar o equilíbrio entre a tristeza e o romance, encontramos no livro essa leveza sem que retire a dor de Zoe ou subestime sua angústia, algo que apenas uma grande autora conseguiria fazer.

Quanto à sua edição, o ponto que mais se destaca definitivamente é a capa; sem precisar de muitos elementos ou elementos elaborados, somos levados a olhar e admira-la surgindo em nós o desejo de tê-la conosco. A forma como ela se liga a história também contribui para que construa essa aura romântica regada a uma melancolia que está presente a cada página. Sua fonte também é de um tamanho agradável, apresentando uma boa revisão cujos erros praticamente não existem em páginas amareladas de qualidade que já são características das obras da Editora Arqueiro. Com detalhes sutis na diagramação, essa é uma obra completa que encanta e te convida a mergulhar em suas páginas…

Meus Dias Com Você é uma obra que chega com uma premissa que promete uma história profunda, intensa e transformadora, mas que para mim deixou um pouco a desejar. Apesar disso ele acaba por ser um bom livro, ainda que esteja longe de alcançar o título de melhores do gênero; se mostrando uma leitura rápida, leve e envolvente, ela se revela uma obra clichê com suas premissas e elementos já tão conhecidos através de uma história delicada e cheia de romance, que se mostra capaz de despertar grandes emoções (seja de alegria ou tristeza) ao longo de suas páginas. 

Se mostrando uma história sobre amor, perda, superação e recomeço; Swatman cria um enredo que irá ensinar sobre aproveitar ao máximo o dia de hoje, os momentos, as horas, e sobre a importância do perdão e de fazer o que desejar sempre sem deixar para depois, pois como bem sabemos ele pode não ocorrer. Ensinando sobre a importância do apoio, do perdão, do adeus, a autora faz com maestria sua mensagem ser entregue sobre o quão frágil a vida pode ser. Mesmo sem se tornar a melhor obra do ano, ela é ideal para a passagem do tempo ao lado de uma leitura gostosa e rápida sendo recomendada a todos que se interessem pela temática; confiram e se permitam descobrir o porquê é importante aproveitar cada momento e todos os seus dias com aqueles que ama – afinal muitas vezes não há uma segunda chance para fazê-lo.

Um beijo