Resenha: A Duquesa Feia – Eloisa James

setembro 26 2018

Começarei dizendo que Eloisa James tem um jeito único para desenvolver estórias envolventes e apaixonantes. No entanto, ainda que não acabe por deixar a desejar em sua escrita, A Duquesa Feia está longe de se mostrar uma de suas melhores produções, ainda que seja altamente fluida e com um enredo que retrata bem o que a autora tem como desejo de fazer: dar um novo toque a conto de fadas já tão conhecidos. Sendo o terceiro livro dessa série já tão aclamada publicado no Brasil pela Editora Arqueiro, esse é mais um daqueles romances de época capaz de encantar e fazer qualquer leitor que conheça a capacidade da autora ir correndo em busca de seu mais novo lançamento! Dando um novo sentido para a trama de O patinho feio, essa é uma obra que irá mostrar que muitas vezes não é necessário ter sua beleza admirado por todos bastando que seja admirado pela pessoa certa. Confiram mais detalhes na resenha a seguir:

Baseado na história O Patinho Feio, esse é o terceiro volume da série Contos de Fadas.

Como ela ousa achar que ele a ama, quando Londres inteira a chama de Duquesa Feia?
Theodora Saxby é a última mulher com quem se poderia esperar que o lindo James Ryburn, herdeiro do ducado de Ashbrook, se casasse. Mas depois de um pedido romântico feito na frente do próprio príncipe, até a realista Theo se convence de que o futuro duque está apaixonado.

Ainda assim, os tablóides dizem que a união não durará mais do que seis meses.

Em seu íntimo, Theo acredita que os dois ficarão juntos para sempre… até que ela descobre que o que James desejava não era seu amor, mas seu dote.
E a sociedade, que primeiro se chocou com seu casamento, se escandaliza com sua separação.
Agora James precisará enfrentar a batalha de sua vida para convencer Theo que ele amava a patinha feia antes que ela se transformasse em cisne. E Theo logo descobrirá que, para um homem com alma de pirata, vale tudo no amor – e na guerra.


Informações técnicas:

Obra:   A Duquesa Feia Autor(a):  Eloisa James Páginas: 272 Ano de Lançamento: 2018 Editora: Arqueiro  Avaliação: 4/5 estrelas 


O menino em mim sempre amou você – afirmou ele,desarmando-a com um sorriso.- O homem que sou ainda não a conhece.

Theodora Saxby é uma jovem de 17 anos que está longe de ser considerada pela sociedade como alguém bela; possuidora de traços que fogem do padrão delicado que deve acompanhar a todas as jovens, ela é alguém que se vê constantemente sendo vítima dos falatórios e sendo deixada de lado pelos jovens – ainda que seja uma das herdeiras mais ricas da temporada. No entanto, determinada a conquistar alguém para construir sua família, e sabendo ser possuidora de uma das personalidades mais sagazes e inteligentes, ela tem certeza de que conseguirá cativar o jovem que possui seu apreço se tiver a ajuda certa…

O repórter do Tittle-Tattle fez um resumo mais simples e brutal:
– Ela é uma duquesa feia, e duvido que algum dia se transforme em cisne!


Tendo crescido ao lado do filho de seu tutor, Theo acredita que James – um jovem cujos traços chamam a atenção desde sempre – pode ser a resposta para que ela consiga alcançar seu objetivo. Sendo melhores amigos e quase irmãos, ela não vê razão pra que ele não possa fazer esse favor a ela fingindo um interesse apenas para atrair a atenção de forma favorável. No entanto, ela jamais imaginaria que se poderia acabar por ver nessas interações ele mais do que como um irmão, mas sim como um homem…


– Eu não sabia, mas você já era minha.


James Ryburn é um jovem de 19 anos lindo que chama a atenção por onde passa, principalmente por ser o herdeiro do Duque de Ashbrook – algo que basta para as mães das jovens em idade para casar fiquem alvoroçadas. No entanto, ainda que o conde receba vários convites, sua presença é algo que raramente se faz presente – ou pelo menos era assim até se ver em meio a uma situação nada ortodoxa com Theodora…


– Você não reconheceria um amor verdadeiro nem que ele batesse na sua cabeça – declarou James, cruzado os braços sobre o peito.


Sendo levado de modo convincente pelo pai e desejando protegê-la de se ver magoada, ele então embarca na loucura de ajudá-la a se tornar uma jovem chamativa – quando sempre foi considerada um patinho feio; mas enquanto ela imagina que ele só está fingindo, ele passa a se ver mais não tão certo sobre suas razões de estar junto à ela… e definitivamente um pedido de casamento não era algo que ele se imaginaria vendo realmente querendo fazer. No entanto, mesmo sabendo que algo que começou da forma errada jamais poderia resultar em algo bom, James se vê despreparado para perdê-la quando as verdades se revelam.


Nas semanas e nos anos seguintes, quando olhasse para trás, ela identificaria aquele instante como o momento exato em que seu coração se partiu em dois. O momento que separou Daisy de Theo, o tempo Antes e o tempo Depois. No tempo Antes, ela tinha fé. Tinha amor. No tempo Depois… teve a verdade.


Entre muita mágoa, mentiras e revelações, esse casal irá mostrar que às vezes o que não se vê é mais importante do que aquilo que fica aparente; e principalmente que até mesmo aqueles considerados como patinhos feios podem se tornar uma das mais belas da sociedade. Mas haverá tempo pra recuperar um amor desacreditado?


– Ao longo de toda a minha vida, você foi meu ímã, a chave para o meu coração. Perdi você por um tempo, Daisy. (…) Não suportaria perdê-la de novo.

A Duquesa Feia é o terceiro livro da série contos de fadas escrito majestosamente por Eloisa James que novamente vem inovando trazendo um novo olhar acerca de histórias já tão conhecidas. Fazendo uma releitura do Patinho Feio, seremos levados a acompanhar o desabrochar de uma dama que estava longe de se encaixar dentro dos padrões esperados pela sociedade, mas que era capaz de encantar a todos com sua personalidade, ou pelo menos aqueles que lhe davam a oportunidade de fazê-lo. Longe de seguir caminhos clichês e regado de um felizes para sempre, essa estória mostra a forma única da escrita da autora onde até mesmo longe de ser uma de suas melhores produções não deixa de ser único ao longo de sua leitura.

Theodora Saxby, ou Daisy como era conhecida pelo seu amigo de sempre, é uma garota que se via constantemente cercada de uma atenção da sociedade, mas não pelos motivos bons… Dona de uma riqueza capaz de atrair a muitos e uma beleza que estava longe de ser apreciada, ainda mais com as péssimas ideias da forma como ela deveria se vestir ditadas pela mãe, Theo era constantemente alvo de comentários maldosos e estava longe de conseguir realizar um casamento. No entanto, mesmo com tudo para se ver acanhada, e tendo sofrido um baque terrível ao ser traída por aquele que amava, essa é uma protagonista que se mostra forte e capaz de transformar sua vida com inteligência e força. Diferente das mocinhas padrões, Eloisa James mais uma vez cria um exemplo através de sua escrita demonstrando que não tem nada de errado em querer ser independente, mesmo que ao lado de alguém.

James Ryburn, por outro lado, é um personagem que despertou emoções controvérsias durante a leitura. Atencioso e realmente preocupado com Theo, ele é aquele protagonista que logo conquista nossos corações. No entanto, apesar de ser claramente manipulado pelo pai e dizer que não se submeterá a ele, ele acaba por fazer exatamente o que ele pede e isso irrita muito porque é claramente algo difícil de entender. Ainda sim, ele não é de todo ruim e apresenta seus momentos bons, sem falar que demonstra um nítido respeito pelo que Daisy deseja – mesmo longe de ser o que gostaria de fazer. Além disso, James também é um dos personagens de Eloisa em que mais se vê mudanças, se transformando de um perfeito Duque para um Pirata temido somos levados a acompanhar dois opostos coabitando em uma mesma pessoa; e apesar de não ser algo difícil de acreditar, ainda não sei dizer se gostei dessa transformação. Mesmo assim, é inegável que esse é um protagonista cheio de apelo e determinado naquilo que se propõe a fazer, combinando majestosamente com a estória de uma forma que apenas uma mestre na arte da escrita como a autora é capaz de fazer!

Narrado em terceira pessoa, e com a típica narrativa fluida já tão conhecida da autora, somos levados a observar um romance que foge por completo dos padrões do gênero! Dividindo-se em dois momentos, acompanhamos um casal tendo que aprender a se reencontrar depois de grandes erros e quando estão bem longes de serem os mesmos. Com um jeito único, ainda que diferente, essas duas partes da estória acabam por se complementar de forma ideal, ainda que o brilho da primeira se sobressaia perante a segunda que apresenta um ritmo mais devagar e com uma intensidade diferente. Simples, mas conciso, a autora não busca criar cenas elaborados e nem um enredo fantasioso, mas aproveita cada detalhe na medida certa de forma a trazer um toque da atualidade para os tempos de época.

A sua edição é outro ponto que ganha destaque ainda que não seja uma das minhas capas preferidas por conseguir remeter tanto ao que se encontra em suas páginas, quanto ao conto de referencia, além de combinar muito bem com as capas anteriores – posso ouvir um amém? Muito bem revisado, esse é mais um trabalho primoroso da Editora Arqueiro que mantem seu padrão já observado em seus outros volumes e que apesar de simples apresenta o nível ideal de beleza sem tirar o foco do que realmente importa: a trama. Conciso, bonito e sem erros encontrados por mim, essa é aquela obra que apresenta uma fonte ideal para não cansar a visão juntamente às folhas amareladas tão apreciadas por muitos encantando não apenas com o enredo, mas pela visão também.

A Duquesa Feia é uma obra que tem por objetivo mais do que apenas entreter, fazendo uma critica acerca dos padrões de beleza presentes desde sempre, Eloisa James demonstra que assim como no conto a beleza interior vale bem mais do que aquela a vista de todos. Mostrando determinação  em meio as dificuldade, a protagonista é um exemplo de que é possível se destacar e ser um sucesso mesmo quando todos insistem em te julgar e te machucar com palavras utilizadas apenas de forma a alcançar um maior número de vendas. Inspirador, essa é uma daquelas obras que serve para levar todos a uma reflexão não apenas de suas atitudes, mas de suas posturas em frente aos problemas.

Diferente e ao mesmo tempo tão encantador quanto os anteriores, o terceiro livro dessa série é aquele típico livro que mesmo sem poder ser considerado como um dos melhores ainda se apresenta como uma ótima pedida e mais do que recomendado para os amantes de época. Ainda que seus protagonistas estejam longe de serem aqueles que cativam o leitor de forma intensa, esse é um enredo para ser apreciado e que visa demonstrar um lado diferente da vida onde as coisas não são apenas belas, mas onde mesmo longe de ser perfeito acaba sendo tão encantador por demonstrar ser real! Recomendo à todos que gostam de uma boa leitura e principalmente aqueles que não tem medo de se arriscar em meio ao desconhecido.

Um beijo

Ps.: Quando a Bela domou a Fera continua sendo o meu preferido de longe, resta agora aguardar os próximos dessa série <3